sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"Em meus olhos vermelhos...". A frase ecoou em minha alma. A multidão pulava ao som daqueles que guardavam do mal os ventos da cidade. Eu não pude ouvir mais nada, porém. "Em meus olhos vermelhos". Todas as palavras formando um sentido que nem elas sabiam ter.

A noite anterior fora... fora somente. Fora algo fora do alcance de todo o meu entendimento (não que este seja muito). Portanto direi que a noite fora e ponto. E os olhos vermelhos de quem quer que seja que escrevera a música, remeteram-me à essa noite em que, como para me proteger, escondi-me embaixo do edredom vermelho, grosso, que cobria a minha cama no breu total que se fazia no quarto, e chorei. Chorei a ponto de não acreditar que tudo aquilo que saía de dentro de mim era sofrimento guardado que se alimentava do peso que era ver os corpos mais distantes entre si, os passos não mais audíveis. 

Nessa noite chorava por uma noite outra: a escuridão engolia os resquícios de alma das avenidas. O silêncio era o tudo e o vazio o completava. Voltava sozinha do apartamento de um tal que conhecera certo dia e que me fizera amar de um jeito tal que não se é possível explicar. Voltava do apartamento deste tal carregando todas as palavras que brilhantemente disse ao espelho pouco antes de pegar minhas chaves e abandonar minha covardia na porta. Ela me seguiu, porém. Me tomou. E as palavras permaneceram trancafiadas junto com o sofrimento guardado que causara meus olhos vermelhos. 

Pensei em como desejava nunca na vida sentir algo tão quanto eu sentia. Era o mesmo que estar doente buscar a todo tempo o olhar que se desencontrava e querer que ele não se perdesse jamais. Era isso, enfim. Estava doente de tanto sentir o que não sei.

Encarava o nada da rua e também o nada que se formava dentro de mim. Um buraco no meio aberto pela vontade de se dizer o que, o quanto, sem saber nem como, nem onde. Caminhava para o longe ao longo da calçada para apagar a lembrança de que estive lá e nada, nada do que precisava dizer fora dito.

Havia, porém, uma repetição dos fatos. No fim das contas, sempre fora assim. Nada se diz. Edredom vermelho e escuridão. Lágrimas cheias de sofrimento guardado, a causa dos meus olhos vermelhos. E em meus olhos vermelhos algo semelhante a. 

domingo, 14 de agosto de 2011

Ser nem sempre é estar ou querer estar nem sempre é melhor que seja. Acordar, às vezes é melhor que nem. Entender, às vezes é melhor que nunca, é melhor que sim. Fazer nem sempre é o que se pode, às vezes o que se deve, pensar. Dizer é o que se pensa, melhor ainda, o que se sente, o que não deve. Sobre sentir não digo. Sentimento não se entende, não se busca. Só...se sente. Existir é aquilo que todo mundo faz, não o que todo mundo tenta. Saber é quando se entende e entender às vezes é melhor que nunca, é melhor que sim. Então é melhor que saiba. Ter o que se não quer e querer o que se não tem é como a vida é. Ter é querer mais. Hoje é. Amanhã é também mas talvez não será, essa é a diferença. Futuro é nada, futuro, não brinca, futuro se espera.  Estar é hoje e hoje é. Estar é pra sempre até o dia que terminar. Não sei quando termino. Terminar é dar fim pra começar de novo, e de novo, e de novo...