quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Saudade de pertencer a algum lugar. De pertencer a alguma época onde os velhinhos sentam na praça pra ver o dia passar enquanto os jovens se ocupam em fazer uma revolução. Saudade de estar em algum lugar. De estar onde abraços, sorrisos e 'eu te amos' curam de tudo. Do mais simples joelho ralado que a criança conseguiu quando descia a rua no seu carrinho de rolimã até a dor de despedir-se de quem se vai e não volta mais. Saudade das coisas que ouvia dos constantes sonhadores. Seus sonhos pareciam tão vivos. Pareciam chama que aos poucos se alastra e atinge todo e qualquer coração que esteja próximo. Saudade de pertencer a ti novamente. Porque quando se fora é que meus olhos cegaram. Tudo o que me resta é a saudade. Saudade do que uma vez eu vi e me parecia perfeito. Saudade de você.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dois bêbabos, duas almas

Um bar na noite de sábado e o barulho incessante das conversas vazias e dos copos tilintando, ou pelo brinde a ser feito, ou para chamar a atenção do garçom descuidado que os deixou vazio. Em uma mesa os risos podem ser ouvidos por quem dobra a esquina. Em uma outra, as confissões que jamais seriam feitas sem aquelas doses de whisky que arruinaram pra sempre a vida de dois. A rotina do lugar onde os outros vão pra fugir da rotina se repete. Os dramas de outros rostos enchem agora novos copos. E era assim. Tudo igual.
Mas dessa vez dois homens com a pureza de dois bêbados andavam em direção ao que parecia ser a única mesa vazia do lugar. Provavelmente já haviam sido expulsos de outros bares pela cidade. Parece ainda uma cena normal para esse tipo de ambiente. Mas certamente o que vi naqueles olhos (nos dois pares de olhos caídos pela bebedeira) não era nada, nada rotineiro. Nada que os meus olhos tenham visto, pelo menos. Não pude deixar de repará-los pelo resto da noite. A conversa entre aquelas duas almas parecia ser interminável. Sim, porque não conversavam de corpo a corpo. Suas almas é que mantinham o contato. Suas almas é que se abriam sem nenhum pudor ou medo. E seus corpos não poderiam controlar porque suas almas fortes e mais do que tudo sedentas pela compreensão que só encontraram umas nas outras estavam dispostas a demorar o tempo que fosse preciso até que ficassem limpas de novo. Pobres almas que quando finalmente desistiram de dizer qualquer coisa pelo bem de quem ouvisse foram desafiadas a se abrirem. E uma vez que fizeram, jamais foram capazes de se fecharem de novo. Porque agora não estavam sozinhas. Aquelas duas almas eram uma só.
Nunca soube o que é que descutiam ou o rumo que tomou toda aquela conversa que para os ouvidos ao redor era apenas papo sem cabeça fruto das algumas tantas doses que ninguém conseguiu contar. Mas sei que não era só isso. Sei que presenciei algo raro. Algo que talvez nunca mais volte a acontecer em meu campo de visão. Aquelas almas provavelmente não sairão da minha memória e agora que estão prontas pra fazerem coisas inacreditáveis (graças ao que fizeram por si mesmas) eu sei que ainda ouvirei falar sobre elas.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Abri a página e esqueci o que ia dizer. Talvez o que achava que precisava dizer não devesse ser dito. Não sei porque estou falando sobre isso, então, já que eu não vou postar nada no final das contas. Mas achei interessante a maneira como minha mente funcionou agora. Mesmo sem meu consentimento. Completamente contra minha vontade. Queria saber quando é que eu vou parar de ser controlada por meus próprios pensamentos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Porque ele pediu

Ele me disse: 'Jade, se você quer ficar comigo sorri pra mim, se não quiser dê catorze mortais para trás'. E eu ri, ri e ri. E com isso ele tirou de mim meus maiores medos. E pro resto da minha vida ele me fez rir. E pro resto da minha vida ele foi meu amigo. E pro resto da minha vida ele esteve ao meu lado. Ele nunca me deixou esquecer do quanto eu sou especial. E ele fazia questão de me lembrar que eu não sei viver sem ele. E ele fazia questão de me lembrar que eu jamais conseguiria ficar triste ao seu lado. E ele entrou na minha vida assim. Sem que eu percebesse tomou pra si minha eterna amizade. Sem que eu ao menos me desse conta ele fez com que sua presença fizesse toda a diferença pra mim. E agora rindo e rindo e rindo é que eu dedico a ele esse texto que não diz nada mais que a verdade.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Querida Estrela,

Oi. Er, eu estou aqui porque me disseram que talvez você pudesse me ajudar. Bom, essa é uma coisa que eu nunca imaginei que faria. Fazer pedidos a estrelas. Eu nem sei se isso... Enfim, eu não direi nada que faça você achar que eu tenho algum preconceito e decida não realizar o meu pedido. Será que eu estou falando demais? Mil desculpas. Eu nunca fiz isso. Não sei como devo me portar. Eu acho que ir direto ao ponto é uma boa idéia, então. Mas sabe, estrela, eu estou com medo. Eu ando muito assustada ultimamente. Com tudo. Mas do que eu estou com medo agora é de fazer o meu pedido e receber uma resposta. Uma resposta do tipo: ‘seu desejo não pode ser realizado’ ou ‘faremos o possível, mas não crie muitas esperanças’. É só que, eu quero tanto que... Aliás, eu preciso tanto que ele se realize. De uma maneira ou de outra eu preciso que as coisas mudem. Mas do jeito que está minha amiga, não dá pra continuar simplesmente. Acho que não vai adiantar se continuar prorrogando essa conversa, não é mesmo? Acredito que você não tenha tempo para tanto blábláblá. Eu queria acreditar que você tem. Às vezes sinto que estou falando sozinha o tempo todo. Ter você como ouvinte faria com que eu não me sentisse assim quando eu preciso de alguém que escute. Não acredito que você seja o tipo de amiga que cobra a nossa presença de corpo e alma vinte e quatro horas por dia. Na verdade eu não acredito que você PRECISE de presença de corpo e alma de qualquer forma. Você é um ser que concede pedidos, não é? Um ser que faz com que as pessoas acreditem em mágica. Que tipo de problemas você teria? Estrela, você me fez pensar. Quem concede os seus pedidos? Quem te ouve quando está triste, estrela? Ah, talvez você precise de uma amiga, sim. Eu adoraria estar com você, querida estrela, de corpo e alma. Mas não sei por onde anda minha alma. E meu corpo está sentindo falta dela. Foi por isso que te procurei hoje. Disseram-me que talvez você pudesse... Estrela, você pode, não pode? Verdadeiramente espero que você possa. Nossa, vejo o quanto eu falei. Será que você desistiu de me ouvir? Por favor, não desista ainda. Eu só preciso estar pronta. Parece que quando as coisas são ditas em voz alta elas simplesmente se concretizam. Eu nunca falei nada disso em voz alta. De repente ainda tenha tempo para que o que quer que seja que está acontecendo retroceda e desapareça se eu nunca falar nada. Mas talvez esse o que quer que seja me atormente pra sempre. Eu nunca vou saber estrela. Talvez você saiba não é? Bom, eu te direi de uma vez e daí você pode me explicar. Ah, eu até sinto uma coisa agora (dentre tantas outras que eu ando sentindo ultimamente). Mas acho que o que sinto agora não é algo tão desconhecido quanto as coisas que me levaram a vir até você esta noite. Uma pequena ansiedade é o que eu sinto. Acho que eu queria muito falar disso estrela. Só me dei conta do quanto agora. Mais uma vez peço desculpas. Eu falarei de uma vez então, ok? O que acontece é que, acho que já percebeu, meus sentimentos, minhas palavras, minha vida não pertencem mais a mim. E antes as coisas eram diferentes. Antes eu sabia exatamente o porquê de agir como eu agi, o porquê de dizer o que eu disse, o porquê de estar onde eu estive. Eu sabia tudo a meu respeito. Mas agora, estrela, eu nem ao menos sei o que me leva a tantas lágrimas, a tantos risos. E eu tenho uma dúvida tão grande, tão grande, minha querida. Aliás, eu tenho essa dúvida que vai além de todas as minhas outras dúvidas. Agora eu não sei se era antes que não vivia ou se é agora que meus dias são apenas dias. O que é isso, estrela? Por favor, eu não sei mais nada sobre nada. E, estrela, me disseram que você me ajudaria. Então acho que o que estou pedindo é algo parecido com esclarecimento. Ou talvez uma maneira de lidar com o que me é desconhecido. Ou talvez uma maneira de me conhecer de novo. E de conhecer o que meu novo eu está sentindo. Será que eu mudei estrela? Ou será que eu precisarei mudar para agüentar meus sentimentos mudados? Você vê, minha amiga? Eu não tenho mais certezas. Eu não tenho mais argumentos. Eu não tenho. Eu tenho, estrela. Eu tenho medo e eu tenho insegurança. Eu estou. Eu me tornei vulnerável. Eu me tornei alguém. E agora eu cheguei num ponto que eu não sei nem do que preciso. Será que você podia analisar tudo o que eu disse e assim descobrir o meu pedido? Já sei! Farei desse o meu pedido. Meu pedido é que encontres o meu pedido. Encontres o meu perdido. E peço que encontres também quem me encontre estrela, porque não sei se você terá tal disposição. Por favor, querida estrela, não quero te atrapalhar, mas me asseguraram que você me ajudaria. Se bem que eu não tenho me segurado em muita coisa ultimamente. Ai, estrela. Como estou confusa. Por isso preciso ao menos que você tente. Tentar não dói, não é?... ESTRELA! Será que eu não estou tentando? Quer dizer, eu nunca pensei em tentar antes. Estrela! Não! Eu preciso tentar! Eu preciso tentar, estrela! Eu preciso tentar agora! Eu nunca tentei. Por que eu não tentei, estrela? Escute, por favor, não tente ainda. É minha vez de tentar. Se eu tentar e falhar você tentaria por mim? Eu tentarei, estrela, tentarei. Por favor, me deixe ir mas não me abandone. Só me observe. Eu sei que saberá quando eu precisar de você, minha amiga. Ah estrela. Estou com medo. Mas dessa vez é um medo diferente do medo que eu sentia quando comecei a falar com você. Estou com medo e num bom sentido estou com medo. Ah, estrela, obrigada. Obrigada por realizar meu pedido. Obrigada por me mostrar. Espero que você continue fazendo isso por outras pessoas, mas sem nunca esquecer-se de mim, por favor. Tenho que ir, estrela. Tentar. Preciso começar agora. Tentar. Espero voltar para te dar boas notícias.