Perdi o toque, a sensibilidade. Perdi a vontade, o tom. Perdi as
cores. E tudo isso achei que tivesse um dia. É como se o amarelo se descobrisse
azul. E o branco se descobrisse todas as cores. É como a descoberta do sentido
na alma do surrealismo. E ainda assim é como o nada mergulhado nele mesmo.
Fora assim. E
continua sendo, agora. Rio do que escrevo como se falasse comigo mesma. Como se
eu própria me ridicularizasse. Pois nem da minha alma, que penso ser de fato minha,
tenho piedade. Nem tanto sei mais como é olhar-se e sentir-se ou sentir coisa
alguma.
Há tempos não
lembrava a sensação de ver o dedo correr atrás das letras dispersas pra
transformar tudo quanto há em mim. Não lembrava que é sempre isso que me falta.
Esquecera da vontade imensa, do anseio imenso, do quase vício de dizer o que
não vejo, mas sei que está. E está em mim. E está vivo. E me percorre as veias
tomando-me conta. A culpa é desse corpo que vive a ignorar a própria alma.
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