Queria falar das minhas visões de mundo, das minhas opiniões sobre as grandes questões que revoltam e fazem com que fazer parte da espécie humana seja motivo de vergonha. E se tem uma coisa que não sei se me magoa, me irrita, me revolta é o fato de crianças não serem mais crianças. Das fases serem puladas. Hoje em dia, com 9 anos você precisa dar respostas. Dar satisfações. Saber que você precisa de um emprego, de um bom par, de uma vida estável. Então com 9 anos você não é mais uma criança. E não toma mais decisões que uma criança de 9 anos deveria tomar como a cor do seu novo vestido ou a barbie que quer no Natal. E aí as coisas começam a funcionar mais ou menos assim: com nove anos você tem dez, com dez você tem onze, com onze, doze. Até a infância ser abolida definitivamente. E aí o que restou foram pequenos robôs criados para construir seus futuros. Pequenos robôs que tem como missão estar por dentro de todas as tecnologias, serem informados. E tudo isso para que, no final, possam conseguir sozinhos comprar seus apartamentos e ter um vida de luxo. Sem brincadeiras, por favor, estamos lidando com algo muito sério aqui: o futuro de quem fará o futuro. Os fatores que levam a isso, afinal, são muitos. Muitos, tipo, incontáveis. E pensar nisso até faz com que o desânimo consiga me acertar em cheio com um só golpe. E aí eu começo a me questionar, e a me revoltar. É tudo um ciclo. Sem respostas, continuo seguindo em frente, me questionando, me revoltando, escrevendo sobre minha revolta. Então as coisas simplesmente não fazem mais nenhum sentido. Nenhum. E aí eu penso que estou vivendo simplesmente. Vivendo sem vida. Porque, onde isso tudo vai levar, afinal? Daí vem o desespero e a vontade de gritar. Daí vem a conformidade. Me conformo, apenas. Mas me conformar parece não ser suficiente. Me sinto sufocada. Me sinto presa numa teia sem escapatória. Parece o trânsito infernal que não anda. Nem um centímetro se move. Mas é assim que se vive mesmo, eu acho, quer dizer, não é?
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