Ainda não falei da despedida. Aquele
momento cinza cheio de lágrimas. Cinzas. Na verdade transparentes, mas cinzas
ainda assim. É bem verdade que falo da cor das lágrimas pra fugir da despedida.
Pra não lembrar, eu digo. Fugir não dá mais.
Vejo rostos
distantes, sorrindo. Ouço os pedidos e as promessas do fim. Releio as cartas. E
como no dia em que se sucedeu a despedida, choro lágrimas transparente-cinzas
por toda a minha camisa. "Lágrimas lavam a alma", "Não precisa
ter vergonha de chorar". Todas as palavras. Gravadas.
Doeu dizer adeus.
Por mais que digam que não tenha sido adeus. Doeu dizer "até logo".
Logo não parece o suficiente para confortar a dor das gotas (transparentes) cinzas que caem lá
fora. E que caem de mim.
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